Hoje estou de mau humor. Sim, outra vez. E porquê? Porque ontem o senhor Alexandre resolveu pôr-se a falar da praxe lá em Chaves, que é uma coisa fantástica e maravilhosa onde cortam o cabelo aos caloiros (fartou-se de gabar esta prática porque é muito engraçada e ele acha muita piada), sabendo que eu sou contra isso e nem sequer gosto de ouvir a palavra "praxe" porque me sobe logo a mostarda ao nariz. Eram 2h e tal da manhã, eu estava cansada por ter estado a estudar a tarde toda e um bocado depois do jantar (cerca de 1h30 que rendeu mais do que a tarde inteira) e ele vem falar desta merda.
Passei-me dos carretos e só não comecei aos berros para o telemóvel porque os meus pais estavam a dormir e não os queria acordar. Mas, sinceramente, tudo o que me apetecia fazer era desligar-lhe o telefone na cara. Mesmo depois de lhe dizer que não queria saber, não queria ouvir e que queria mudar de tema, ele não se calou enquanto não me contou tudo extremamente orgulhoso daquela merda. Fiquei cheia de nervos e acabei por não dormir nada de jeito o resto da noite!
Toda a gente que me conhece sabe que não suporto a praxe e digo-o com orgulho para todos os que quiserem ouvir. Não suporto quem praxa porque acho que são todos uma cambada de gente sem vida que mete pena por necessitar de humilhar os outros para se sentirem bem com eles próprios. Não gosto de quem é praxado porque acho que é gente masoquista e pouco inteligente, que gosta de perder tempo com inutilidades, além de que devem gostar de ser tratados abaixo de cão, coisa que eu não consigo entender por mais que me esforce.
Depois vêm-me dizer
"Ah, a praxe é para integrar os alunos do primeiro ano, para conhecer pessoas novas e fazer amigos e tal". Tretas! Eu nunca pensei sequer em pôr um pé na praxe e ao fim de alguns dias já conhecia muita gente na faculdade. Uma semana ou duas depois das aulas terem começado já tinha um grupo de amigos. Considerando que eu sou uma pessoa extremamente anti-social, tímida e introvertida, isto é um grande feito. E o mais engraçado é que nem sequer tive de me esforçar muito. Por isso não me venham dizer que a praxe é essencial para a integração na faculdade porque estão a fazer de mim estúpida e eu não admito isso.
Gostava de poder dizer que respeito quem tem opinião contraria à minha, mas a realidade é que é um pouco difícil dizer isso sem mentir. Não tenho problemas nenhuns em dar-me com gente que apoia a praxe e tal, mas não consigo deixar de me sentir irritada e extremamente revoltada com essas práticas.
E todas aquelas regras sobre não poder usar o traje se não se for praxado ou whatever, isso ainda me irrita mais. Falam da merda do traje como se fosse uma coisa sagrada ou essencial para acabar a porcaria do curso! E ainda por cima, quem anda trajado acha que é superior aos outros e que tem prioridade em tudo. Tudo isto põe-me os nervos em franja! Só me apetecia pegar na merda dos trajes e queimá-los todos!
Que porra, não me interessa se as pessoas andam na faculdade há um, dois, dez ou vinte anos. São alunos como eu e ponto! Recuso-me a tratar essas pessoas por "doutor" ou "venerável ancião" porque não são doutores de nada. São tão alunos como eu, têm os mesmos direitos e os mesmos deveres!
Algum dia eu admitia que me tratassem por "besta" ou "bicho"? Não compreendo como é que alguém pode gostar de ser insultado, nem como é que acham piada a estar ali parados de cabeça baixa a ouvir gritos e má educação. Ultrapassa-me por completo como é que alguém consegue ficar entusiasmado porque "
vou ser praxada! Que fixe!" (ninguém me contou, isto ouvi eu com os meus próprios ouvidos no dia das matrículas!). WTF??
Eu sei que sou capaz de receber alguns comentários aqui, como já aconteceu anteriormente, a dizer-me que estou errada, que a praxe é muito bonita e que sou maluca por não gostar. Tudo bem. Felizmente, estamos num país livre onde podemos expressar a nossa opinião. Esta é a minha.
Deal with it.
Desde pequena que sou contra
a praxe. Disseram-me que ia mudar quando entrasse na faculdade mas Oh! Que surpresa! continuo a ter a mesma mentalidade e continuo a ser orgulhosamente Anti-Praxe!